mercredi 28 décembre 2011

Sæclum In Favilla

Alegras-te então, Homem?
És cego ou néscio?
Tudo não passam de raios aumentando as sombras - distorcendo-as - enquanto marcam o infinito seguir adiante do mundo.
. É um ano a menos a separar-te do dia de tua morte.
. É uma badalada perdida na passagem cadenciada do que esgota-te lentamente.
. É um grão a menos entre seu riso inútil e o fim dos tempos.
. É o tempo do teu fim.
. Prosseguindo lenta, mas ininterruptamente.
Diga-me, pois, Homem: o que tanto aplaude?
Acaso felicitam-te as explosões brilhantes a prenunciarem teu destino?
Diga-me, pois, Tolo:
. Celebras por quê?
Devaneios de uma madrugada insone...
(28/12/2011; 00:48)

mercredi 14 décembre 2011

Doze


Doze.
Enfim.
Era o que estavam esperando. Malas feitas, fim de papo. Para a maior parte aquilo não é grande coisa. Para a maior parte era apenas o que esperavam. Todos juntos, falando alto e levantando-se rápido, deixando para fechar os zíperes no meio do caminho, sem ao menos olhar para trás. Davam suas risadas e gritavam uns aos outros através dos corredores como se fosse um dia qualquer.
Mas maior parte não quer dizer o todo. E havia aqueles para quem aquele minuto significava muito. Aquela nota era mais do que um chamado, era um símbolo. De tudo o que ficaria atrás da porta. Alguns deixavam essa sensação bem clara, porém, outros... ah, outros apenas sorriam ou continuavam descendo, mirando os pés que batiam ritmadamente. De certa forma, mesmo para os mais tolos, algo se fez sentir. No ar. Nos rostos. Nas bolsas penduradas desajeitadamente nos ombros inclinados.
Cruzadas as portas e fechados os zíperes, era permitido aos olhos enxergar em frente, mas o que lhes atingiu não foi um dia qualquer. Tentam disfarçar que estacaram na descida, que hesitaram antes de prosseguir com o próximo passo. Perceberam? Perceberam. Agora eles perceberam. Em um dia qualquer não há manchas naquela alvura uniforme. Em um dia qualquer não há tatuagens em tinta de caneta. Em um dia qualquer não há aquela liberdade. Em um dia qualquer... não há aquela face de olhos que receiam os sorrisos dos lábios... As piadas e trocadilhos. Já estavam cansados deles. Repetidos duzentos dias sem cessar. Mas eles riam mesmo assim. Riam para esconder.
Ralentaram. Por medo, talvez. Mas também por falta de espaço. O fluxo alcançara a menor passagem e ali houve congestionamento. Deram voltas pelas grades, empurraram-se, pés pisoteados. Em pouco tempo cada um consegue respirar aliviado por ter atravessado o portal entre aquele canto apertado mal iluminado e o grande espaço em frente. Piscam repetidas vezes com os olhos assaltados pelo luminosidade inesperada do lado de fora. Céu zombeteiro. Azul como nunca, limpíssimo, o sol bem em cima, queimava-lhes as nucas. Então era ali. Separação.
Vertentes. Muitas delas. Sentavam-se pelos cantos ou nas baixas muretas e degraus. Agrupavam-se animadamente. Planos, braços dados. Afastavam-se discretamente. Para observar. Para esquecer. Ou apenas para aceitar a carona. Promessas. Braços erguidos.
Mochilas no colo e mãos acenando. Olhando atrás e acima percebem os pontinhos movimentando-se cada vez em menor número no pátio ensolarado. Os lábios se fecham, os olhos caem, as expressões tornam-se vagas e inseguras. Por um momento algo novo os invade. Uma nova percepção:
Aquela nota, aquela onda descendo alvoroçada, aquelas vozes alteadas. Não era possível mas já era. A hora chegara. O mês era outro.
Doze.
Meses.
Não! Não aquele sinal ainda. Sem fogos de artifícios, sem shows, sem virada. Era outro. Aquele outro. Era o mesmo chamado longo de antes. A nota era igual. Mas a hora não. Essa nota era outra. Não voltariam após o intervalo. Não haveria. Os ponteiros do relógio indicavam algo diferente. Era definitivo. E o maior estava bem próximo.
Enfim.
Do doze.
Promessa paga, Flavíssima? Feliz Dezembro pra você.

dimanche 4 décembre 2011

Desencontro




           Havia uma cortina após a janela, enchendo toda a paisagem de riscos brancos e rápidos que, levados pelo vento, rodopiavam como se dançassem. As árvores inclinavam-se bebendo as gotas pesadas e tombando sobre os muros. E o chão cintilava, como milhares de estrelas cadentes caindo sem cessar, criando florezinhas brancas com suas pequenas explosões. 
            Pela rua, uma onda suja avançou com força e começou a inundar a volta das calçadas, num som de rio sobre pedras. As mesmas mínusculas gotas que misturam-se à tinta borrando de vermelho rosado a alvura do papel engrossa a corrente lá embaixo. Esta empurra uma garrafa plástica - resto de gente -, que é levada veloz, virando ao bater nas falhas de relevo entre as pedras do pavimento. Por fim, encontra o meio-fio e vai guiando-se pela enxurrada que o cerca, ali acelera para rapidamente perder-se de vista, descendo rolando na espuma acinzentada. 
           Quanta coisa a água leva. Quanto haverá que nem se sabe? Pessoas? Lembranças? Um soldadinho, talvez? Sim... Havia algo perto disso. Terá passado ele tão rápido e despercebido, aos trambolhões, como aquela garrafa? Quem sabe por entre as saias brancas dos botões estourando na calçada à melodia da chuva estivesse dançando uma bailarina.
             A sua bailarina.
(26.Nov.2011 ; um sábado chuvoso, em algum lugar de Alfenas.)

vendredi 25 novembre 2011

Uma Cena

(A CASA, p.II)
Coisa nenhuma. Tristeza apenas.
Ela está com as costas na parede. Seus vestido branco brilhando timidamente, mostrando-se inseguro no escuro de dentro. Estava ao lado da janela, mas a noite não iluminava o interior d'a Casa. Com a franja caída nos olhos, os lábios salgados e a cabeça baixa, ela colava-se à parede em angústia, raiva e medo. E a lua fazia brilhar riscos úmidos em sua face pálida.

mardi 15 novembre 2011

Rosa


Há dois modos de matar: abandonando ou levando em frente. Ao fim das contas, tanto faz: as coisas fenecem de qualquer forma.
Por vezes, flores nascem. Um botão cor de pérola. E os olhos se tentam a pegá-lo e apertá-lo contra o peito. Observá-lo até que os preencham, para, então, guardá-lo, numa caixa, a sete chaves. Sete vezes sete. Vezes sete outra vez. Na certeza de tê-lo para sempre, mantido sempre perto, ao alcance a todo momento.
No entanto, uma vez tirada do pé, a planta é perdida. Descolore e murcha. E assim vai, despetalando-se. Não vão querer suportar o peso disso. Roubar a algo tão delicado a vitalidade... Acaba-se, pois, deixando-a ali. Afinal, se não se a toca, ninguém leva a culpa.
Sim, morre também na terra, mas dura, e exibe sua beleza por mais tempo... É essa a lógica. As mãos que se estendem são logo recolhidas, antes de sentirem o perigoso toque aveludado das pétalas. Já sabem: tocando-a não resistem, arrancam-na. E, não, não se pode ferir tamanha beleza.
Morrendo a flor de toda maneira, melhor mesmo fazer nada.
Deixar como está.
Esperar para ver.
Ela murcha, não importa
Se colhê-la para guardar, morre-lhe nas mãos.
Se deixá-la como está, morre então no pé.
Fique então.
A colheita traz a morte para esperar-lhe sobre a mesa, envolta em vaso cristal. Na abstenção, no entanto, a morte... ah. O jardineiro vai embora, seguindo pela estrada para - dentro de sua mente - vê-la para sempre. Não saberá se murchar. No entanto, se limitará, se condenará a jamais retornar. Ou pagaria o preço com sua ilusão.
Matando-a, lágrimas de culpa.
Deixando-a, lágrimas de saudade.
Mas sua vida eterna, você sabe... É mentira.

samedi 29 octobre 2011

BrainWashing

Ah... Havia mesmo razão para tudo aquilo? Precisar saber, ser obrigado a compreender, buscar o conhecimento pelo conhecimento sem, é claro, se esquecer de que tem de ser melhor. E, não apenas melhor, o melhor. Tudo isso para você chegar na frente, para você se destacar, para você sobreviver, para você, você, sempre VOCÊ! Nem adianta tentar fugir porque não há escapatória. Tudo se faz com a intenção de elevar-se sobre outros. Mas não espere, porque não explicarão o perigo do não saber, o lado ruim da - como diz Nietzsche - barbárie. As pessoas desenvolveram um certo medo da ignorância, um preconceito. E eu fico buscando entender onde está o pecado desta vez.
Quem definiu que todos devem ter toda essa ânsia pelo conhecimento? A quem foi dado o direito de escolher de que cada um gostará ou definir seus objetivos? Na boa, sabe o por quê desse silêncio? Porque todos já sabem da resposta: Ninguém. Mas cada era pede uma medida padrão para se poder comparar, uma moeda de troca. Não há quem valha qualquer mixaria, portanto vão tentando disfarçar isso por tras de conceitos sem sentido. Cada época adota uma máscara, uma maquiagem própria e, hoje você vale pelo que sabe. Ah, sim: na verdade, você vale pela quantidade de papéis que provam que você sabe. (Porque, obviamente, já há alguns séculos a palavra deixou de valer qualquer coisa. O que não é grande surpresa num contexto em que a honra já deixou de contar.)
Então, do nada, começavam a surgir umas questõezinhas bobas. Coisinhas. Pura lógica, entende? Pois, pensando bem, um coração não bate melhor depois de você descobrir a diferença fundamental entre artérias e veias. Tampouco ser capaz de dividir axônios, cápsulas de Schwann e corpos celulares acelera o pensamento. Nada dessas coisas adiantam muito, mas esperam que você acredite no contrário. Só que, nesse oceano didático, saber disso te afoga. Cada vez que se chega à superfície para tomar folêgo, é-se recebido com lufadas violentas de perguntas como essas. De todas essas obrigações inventadas, qual parte é responsável pelo bem-estar? Nenhuma. Ne-nhu-ma. Não passam de itens incoerentes, insensíveis e desconexos. Admitamos que, no fundo, no fundo, as vidas continuam as mesmas, e todas essas informações - exponencialmente mais numerosas a cada ano - dissipam-se quase instantaneamente. Ou seja: além de tudo, o sistema é infrutífero. Justificam-se dizendo que "vão cobrar", polemizam com essa de que "lá fora", "os outros"... vocês sabem da ladainha. São todos "metaeducadores", vivendo de fazer com que aprendam o que só serve para se ensinar. Vão-nos afastando da prática. Da vivência. Da experimentação. Que são o que realmente vale.
Enquanto não decidirmos por nós mesmos as nossas prioridades, vão insistindo em outorgá-las, dando continuidade ao estado onde pessoas morrendo diariamente são um problema a ser resolvido depois de você aprender que seu cachorro é na verdade um Canis lupus familiares - com atenção às maiúsculas e minúsculas, por favor. Essa situação covarde em que você disserta sobre a guerra mas é reprimido se pedir que tragam os soldados de volta para casa e deixem de fazê-los sacrifício para a causa de outrem.
As coisas começaram a se inverter, e perdeu-se a noção do que é realmente importante. Mas Newton não tornou a queda das bombas menos mortal ao definir a gravidade, entender de digestão e ATPs não sacia a fome, e diplomas não atestam que capacidade de viver. Dá pra perceber aonde quero chegar? A humanidade insiste no erro, e cada geração leva a próxima a crer que esse é o modo certo e óbvio de levar a vida. Falam da "maquinização do mundo" e de como se tem vivido mal. Vão acusando ao próprio mal que criaram sem mostrar como combatê-lo e, não importando a ideologia, na "hora H", as reações são sempre iguais.
Ao redor tudo são belos discursos: cultos, apaixonados, encorajadores. Esses que se auto-proclamam experientes acabam sempre por jogar a responsabilidade nos que estão chegando com Oh, sim, vocês são o futuro. No entanto, é fácil incitar à batalha aqueles que tem as mãos atadas. Pior: esses mesmos os atam as mãos. Hipócritas. Todos eles. Todos vocês. Dizem coisas chocantes demais na esperança de provar a todos que o mundo está no fim, como se realmente se importassem. Enchem a boca e estufam o peito enquanto ficam sentados. Esperando que alguém faça algo e que os campos de batalha se fendam e engulam as armas para que se tornem flores; esperando que as mesas miseráveis se encham num passe de mágica e que a violência decida tirar um cochilo por si mesma. Esperando que alguém realmente perceba que estamos, não caminhando, mas correndo para a destruição, e que nosso caminho há muito perdeu de vista a Ilha Perdida da Felicidade.
Há coisas de mais a serem aprendidas, e objetivos de menos sendo criados. Os homens já não sabem que rumo dar aos seus passos. Meios demais, metas de menos. Ficam todos por lá, confortáveis, aguardando uma solução rápida para tudo e culpando outros. Sem perceber que eles são os outros. Sem se dar conta de que nós somos eles.

mercredi 12 octobre 2011

Terra do Nunca


"Eu fui matando os meus herois..."

Cresci escolhendo ídolos. Tranformando cada um ao meu redor, um a um, em rainhas calmas, porém sábias, em cavaleiros armados, em nobres samurais, em justiceiros que jamais abandonavam seu orgulho, em donzelas de coração e mente simultaneamente fortes e ternos. Eram meus exemplos, meus objetivos, meus herois. Eram os meus Caçadores de Dragões!
Mais do que figuras, cada pessoa dessa era aquilo que eu tirava de meus mergulhos literários e trazia à tona quando voltava para tomar fôlego. Tornei-as em minha realidadezinha particular. Frágil e inocente. Incontivelmente encantadora.
De repente deu-se um nó em meu estômago, meus pulmões doeram, dei um impulso forte demais para a superfície. Recebi aquela explosão de ar puro. Real demais, a ponto de embriagar. Eu cresci. Abri olhos e ouvidos. Eu abri minha mente e me permiti ver o que havia de verdadeiro naquilo que criara para mim. O chão tremeu sob meus pés, as estalactites nas grutas se desprendendo e uma nuvem de poeira cobrindo tudo. Minhas donzelas determinadas caíram e rainhas imponentes perderam a compostura. Meus cavaleiros sangraram por trás de suas armaduras. Meus samurais perderam a honra e meus justiceiros deram as costas à impunidade.
E eu os vi. Todos. Desmoronados. Dissolvidos. Derrotados.
Eu os vi desistir. Os meus exemplos. Os meus herois.
Eu suportava vê-los feridos, eu aceitava suas lágrimas. Há inimigos mesmo fortes - eu sei. Serpentes e Dragões. Feiticeiros e falsos reis. Mas meus ídolos de tinta não abandonavam seu orgulho, não desistiam do que amavam, pelo contrário, defendiam-no até a morte. E mesmo quando abandonavam a batalha, eram nobres e altivos.
O que eu não suportava era vê-los mentirosos. Era lutarem do lado errado do campo. Era combaterem a si mesmos. Isso são os vilões: os hipócritas sem princípios. Os desvirtuosos e indignos. Os sem honra. Isso não era para os herois... Não para os meus.
Então, aos poucos, eles foram borrando. Eu os enxerguei cruamente. Sem armas. Sem fogo. Sem vestidos longos e coroas. Sem brasões e estandartes. Sem promessas de retorno ou palavras honradas. Sem cabelos brilhantes e diamantes nos olhos.
Eles eram... apenas... eram. Humanos.
Erro deles? Não. Errou meu? Não sei.
Crescer talvez seja isso... Tirar a paixão das coisas, as máscaras e o deslumbre. É perder a paixão. E também perder as coisas. É retirar as estacas dos vampiros e cravá-las nos caçadores. Crescer é desacreditar. Nos heróis - sempre incorruptíveis. E nos homens - nunca tão íntegros assim...
Sempre vítimas. Sempre vilões.
Crescer é nunca mais voar no dorso das águias. É não voltar a ver dragões...

samedi 1 octobre 2011

Intocáveis


É que existem coisas incrivelmente impecáveis, como se houvessem sido planejadas por anos. Coisas tão certas cmo se já tivesse de acontecer desde sempre. Coisas tão naturais que você nem ousa questionar. Coisas assustadoramente perfeitas.
E tais coisas dão medo, elas assustam e o fazem gelar à sua mera lembrança. Você olha de longe e consegue vê-las claramente isoladas do resto - sem a necessidade de barreiras físicas. Pode se sentir o calor emanando dali. Algo tão simples e óbvio que fascina. E há aquele brilho, um brilho com tom de entardecer e saudade, que ofusca mesmo quem observa de longe.
Sagrado.
Não se aproxime, nem toque. Não olhe e não faça barulho. Passa rápido - antes que o vejam! E jamais, jamais, interfira.
É preferível recuar um passo, para que a luz não o alcance. Para não ferir aquela beleza tão delicada e leve. Mas tão firme e imponente. Tão completa que qualquer coisa que se aproxime se torna excesso. Peso. Incômodo. Tão completo que o faz estremecer.
Dê um passo para trás. Dê mais outro.
Silêncio.
Vire as costas. Vá embora.

E não olhe para trás.

vendredi 23 septembre 2011

A CASA

Apesar de parecer o contrário, elas eram amigas. Eram uma só. A Casa e sua Refém.
Bem no princípio, uma criou a outra. E se criavam desde então. Eram lados opostos da mesma moeda. Elas se compreendiam e protegiam.
No entanto - criaram dependência mútua.
E isso começou a matá-las. A matá-la.
Lentamente.

They've said her to call. But she's been screaming to death...

(Continua...)
(Ou eu ao menos pretendo.)

vendredi 9 septembre 2011

Sobre a Efemeridade

Há coisas que nascem para morrer. Já parou para pensar nisso? Oh. Claro que não. Você nunca pensa nisso, não é, querido? Hoje em dia as coisas todas já tem prazo de validade, antes mesmo de começarem. Mas você nem sabe o que é o tempo. E eu prefiro assim...
Tudo bem, tudo acaba. Já não sou tão ingênua. Eu sei como é. Mas aprendi que as coisas duram cada vez menos. Não que naquele tempo não houvesse finais. Finais sempre os houve. Mas eles não eram tantos. E nem tão rápidos.
Naquela época, um único dia durava tantos dias que cada instante era infinito.
Em minha cabeca eu enxergo uma casinha de madeira. Uma varanda. E uma mulher de azul.
Tudo tão tranquilo.
As coisas iam, vinham, seguiam seu fluxo. Nem lamentavam...
Nada é para sempre. Nada é assim tão real ou inquebrável. Tudo o que se pode fazer é chorar. Mas lágrimas são táo úteis em almas despedaçadas e sonhos ruídos quanto superbonder...
E, no entanto, bem, não importa. Dois dias ou dois anos.
O Tempo passa. Sempre passa.
O Tempo acaba. O tempo... sempre... acaba... sempre...
E arrasta tudo consigo.
Tudo.

vendredi 2 septembre 2011

O Efeito Borboleta

Um tributo ao Mestre, entre outras coisas...
         




  Fins de Junho - ou início de Julho. 12 anos. Naquela época era ainda mais tímida e calada. Saiu da cozinha, dirigindo-se silenciosamente ao quarto. No entanto, ao passar pela sala, algo a fez parar. Um rapaz todo de preto, pouco mais alto que ela mesma, cabelos muito lisos e já um tanto compridos. Ele estava de pé, imóvel, ao lado daquela mesa brilhante que algum dia lhe pareceu tão grande. Mas não foi ele que a fez parar, e sim o que ele tinha em mãos - ou melhor, sobre a mesa. Os olhos da menina cintilavam e iam lentamente do rosto do jovem para um enorme livro de capa escura. Nele ela medira uns bons centímetros de altura e um peso considerável. Aliás, isso ela apenas supôs. Não ousou tocá-lo.           
          Então, a garotinha, de pés descalços no piso frio apesar da estação gelada, e um pijama muito curto de quem crescera demais em tempo de menos, se aproxima devagar. Com indagações saltando-lhe da garganta e curiosidade dos olhos, sua mente buscava explicações antes que o rapaz lhe esclarecesse a origem daquele livro tão fascinante. A uma distância ela observava-o folhear algumas páginas. Mapas, diagramas, símbolos estranhos. Algo a atraía. Uma voz falava em sua cabeça. Era encantador. Hipnotizante.
Depois de refletir por alguns momentos, hesitante, ela o encara timidamente.
        - O livro... O seu amigo... Será que eu posso ler?

''.'..'...''...'..'.''



    Há exatos 38 anos, um dos maiores escritores deixa a terra de Aman, para viver eternamente em Valinor, ou - quem sabe - na própria Valmar. Mas talvez, tenha tido apenas o destino desconhecido que têm os hobbits. De qualquer forma, não farei textos ou biografias. Só expresso aqui a grande admiração que tenho a John Ronald Reuel Tolkien, que é também meu ídolo e escritor favorito.
Mesmo um tanto "criança", já naquela época me apaixonei por sua obra desde a primeira página. E desde então, minha visão dos livros nunca foi a mesma. Além de tudo, há mais por trás das histórias do que possamos prever. Há mais envolvido em cada ato do que jamais poderemos imaginar. Como o bater de asas daquela tal borboleta...
           Mas não foi isso o que me propus a dizer.
           A Tolkien, eterna admiração.
Anar Kaluva Tielyanna.
Namarië.

samedi 27 août 2011

Ponto Fraco

Geralmente as pessoas evitam essas situações. Elas temem. Já pensou no estranho de todo esse medo? Elas sempre chegam de local e companhia marcados. Sem surpresas. Sem expectativas. Sem imprevistos. Como se qualquer coisa pudesse acontecer por essa simples falta.
Ela não deixa espaço para evasivas. Simples assim. Entendeu? Não, não entendeu. Você foge dela como o diabo da cruz. Acalme-se, ela não mata. E também... com o tempo você se acostuma. Acha que não? É claro que acha. Você mal suporta se olhar no espelho, você nem conhece o som da própria voz, duvido que sobreviveria a instantes de completo abandono. Aprenda que os problemas não diminuem por haver alguém ao seu lado. Na verdade, nem o seu medo diminui. Não venha dizer que é mais fácil 'dividir o peso' - elas não carregam seus fardos para você. As pessoas só o fazem esquecê-lo, ignorar tudo o que pode fugir aos seus planos. Então ele se esconde num cantinho qualquer de sua mente, cantinho este que nem você sabe onde fica. Aliás, quais lugares de sua mente você conhece? Poucos. Ou nenhum, suponho eu.
O medo da solidão. Sempre, não... Por quê? Algo vai dar errado? Não. As chances são as mesmas. Você não percebe? Covarde. Covarde sim. Mil vezes covarde. Você tenta se convencer de que há alguém que o salve, que passe por isso por você. Mesmo que o fardo continue sendo seu. Porque ele continua, não importa que não seja o que você sinta. De qualquer forma, ainda é mais fácil - ou menos doloroso, na verdade - se souber que, caindo, um sorriso o acolherá, e fará da sua queda uma piada, uma bobagem. Da sua ferida, uma vitória. Da sua dor, um acontecimento. Você se sentirá protegido, confortado e querido. Importante. Não, você não acreditará nisso, nem por um segundo. Mas quem disse que você se preocupa? Você provavelmente já cresceu o suficiente e aprendeu com seus humanos que só são reais as coisas que o confortam. Não foi? Não diga que não. Não minta para mim. Não minta para si mesmo. Você já aprendeu a ignorar o que o incomoda, e digerir só o que desejar...
Tudo bem, eu também já aprendi o suficiente de vocês.
Não importa a falsidade dessas cenas todas.
O coração humano não precisa de sinceridade.
Só precisa acreditar no amor.

dimanche 14 août 2011

Outra Noite de Apagão

Sinos tocaram. Cães latiram distantes. Daqui posso ver o Cruzeiro. Apago a luz. Para enxergar melhor.
Eu fecho os olhos, e a cada vez que os abro mais estrelas surgem para me saudar. Pouco a pouco elas vão ficando mais brilhantes, mas ainda tão pequenas... O céu de hoje está tão pálido. Claro, muito claro, e de um azul opaco. Na verdade, nem mesmo sei se é azul. Senti falta daquele escuro profundo, aquele abismo misterioso e encantado que nos puxava para cima. O céu de hoje está raso e transparente.
Com o tempo minha vista se embaça e perde o foco. Eu vejo as estrelas de longe, mas já não posso fixá-las. É como se fugissem. Hoje elas não estão imponentemente belas como devem ser. Estão tímidas. Inseguras. Nada confiantes... Olhando-as, pela primeira vez me pergunto se cairiam, e me pergunto como conseguem se sustentar nessa abóbada. Elas oscilam e eu começo a temer que elas possam despencar a qualquer momento.
Eu desejei tocá-las para saber se eram reais. Pegá-las na queda, protegê-las, enchê-las de cuidados e afastá-las do que quer que as esteja colocando medo e receio. E então eu quis jogar um véu sobre o céu para que se sentissem seguras dos olhares fúteis e das poesias superficiais.
Quis trazê-las para casa. Cuidar delas. Quis pintar o céu de tristeza, saudade e paixão. Quis encontrar a lua afugentada e pegar-lhe pela mão. Polí-la e dar-lhe o brilho dos diamantes, o frescor da brisa que antecede o amanhecer e a tranquilidade do mar sem ondas.
Mas às estrelas, meus bebês, eu dispensaria os maiores cuidados. Eu as esperaria crescer de novo até que voltassem a voar para poder se erguer no espaço, ocupando o lugar que é delas por direito. Eu cuidaria para que novamente trouxessem com elas a luz que consola, o frio que acalma as almas, a beleza que fascina os corações...
Então, e só então, eu pediria às luzes que se apagassem de novo para que eu pudesse contemplar o espaço em seus completos esplendor e majestade. Deixaria que a brisa fria da noite levasse meus lamentos, ensinaria meus olhos a de novo brilharem como as estrelas e faria da umidade neles a libertação de meus medos e receios, enquanto meus pulmões se alimentariam profundamente de tranqulidade.
E me sentiria livre e tranquila.
E eu poderia voar.
E elas me levariam pela mão.

dimanche 31 juillet 2011

Silêncio


'Uma introdução': É engraçado que sempre saibamos as coisas, mas nunca entendamos o que elas realmente querem dizer. São coisas que nos surpreendeem quando as descobrimos verdadeiramente. Acho que as pessoas nunca compreendem algo totalmente, até que o sintam.
Tudo o que o Homem toca rui. Não é novidade. Mas perceber isso, é como sentir algo por dentro ruir também. É perder o chão.
E a esperança.

....................
Tudo isso ao redor. Tudo o que um dia foi o todo, agora é peça de museu. O comum tornou-se único.
Porque toda essa natureza pertence apenas a si mesma. Ela não precisa de ninguém. Ela se basta. Na verdade, se bastava. Até que, um dia, o Homem...
E tudo se perde. E tudo se torna incerto. E tudo o que um dia vivia em paz, estremece. Tudo isso dominado por senhores sem direito e nem alma... Quando digo haver um vazio no homem, é sobre isso que falo. Sobre o espaço onde, um dia, em seu coração puro e inocente, existiu uma alma, uma razão. Onde amor e respeito mantinham a vida. Mantinham as coisas como devem ser.
Mas tudo se perde... O que era vida torna-se em cinza. O que era paz torna-se uma ruína. Começaram a gastar as existencias visando a morte, porque, para a vida, já não há esperança.
Eu descobri o que lhes faltava.
Faltava-lhes humanidade. Faltava-lhes um coração.

vendredi 22 juillet 2011

O Eterno Retorno

O que ela desejava era voltar no tempo.
O que ela queria era parar no tempo.
Ela se via de volta àqueles dias ensolarados e brilhantes.
Aqueles dias que eram quentes mesmo quando a chuva caía.
E então ia vivendo aquilo tudo de novo - todos os dias... até o hoje...
Não.
Até hoje não.
Antes de voltar para cá, ela iria para o começo mais uma vez.
E para sempre,
sem chegar ao hoje,
ela começaria.
E recomeçaria.
Ela viveria um ciclo infinito.
O eterno retorno àqueles dias.
Quando ela ainda tinha um coração.
"I weep to have what I fear to lose..."
(Gethsemane - Nightwish)