dimanche 31 juillet 2011

Silêncio


'Uma introdução': É engraçado que sempre saibamos as coisas, mas nunca entendamos o que elas realmente querem dizer. São coisas que nos surpreendeem quando as descobrimos verdadeiramente. Acho que as pessoas nunca compreendem algo totalmente, até que o sintam.
Tudo o que o Homem toca rui. Não é novidade. Mas perceber isso, é como sentir algo por dentro ruir também. É perder o chão.
E a esperança.

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Tudo isso ao redor. Tudo o que um dia foi o todo, agora é peça de museu. O comum tornou-se único.
Porque toda essa natureza pertence apenas a si mesma. Ela não precisa de ninguém. Ela se basta. Na verdade, se bastava. Até que, um dia, o Homem...
E tudo se perde. E tudo se torna incerto. E tudo o que um dia vivia em paz, estremece. Tudo isso dominado por senhores sem direito e nem alma... Quando digo haver um vazio no homem, é sobre isso que falo. Sobre o espaço onde, um dia, em seu coração puro e inocente, existiu uma alma, uma razão. Onde amor e respeito mantinham a vida. Mantinham as coisas como devem ser.
Mas tudo se perde... O que era vida torna-se em cinza. O que era paz torna-se uma ruína. Começaram a gastar as existencias visando a morte, porque, para a vida, já não há esperança.
Eu descobri o que lhes faltava.
Faltava-lhes humanidade. Faltava-lhes um coração.

vendredi 22 juillet 2011

O Eterno Retorno

O que ela desejava era voltar no tempo.
O que ela queria era parar no tempo.
Ela se via de volta àqueles dias ensolarados e brilhantes.
Aqueles dias que eram quentes mesmo quando a chuva caía.
E então ia vivendo aquilo tudo de novo - todos os dias... até o hoje...
Não.
Até hoje não.
Antes de voltar para cá, ela iria para o começo mais uma vez.
E para sempre,
sem chegar ao hoje,
ela começaria.
E recomeçaria.
Ela viveria um ciclo infinito.
O eterno retorno àqueles dias.
Quando ela ainda tinha um coração.
"I weep to have what I fear to lose..."
(Gethsemane - Nightwish)

dimanche 10 juillet 2011

Insegurança


Ela já nem me lembrava mais de como era aquele silêncio.

Então percebeu que, apesar de tudo, ela sentia falta dos tempos de não fazer nada. Sem livros. Sem músicas. Sem rabiscos. Sem ninguém. Os tempos em que ficava ali quietinha num canto, sentindo o vento bater e remexendo nos cadarços sujos de seu tênis. Era tão... leve.

É tão mais fácil quando não há pessoas... Você não precisa se preocupar com a sinceridade.
Mas ela já não conseguia ser indiferente. E aquilo se tornara importante para ela.

Se tornava.

A cada dia mais.

Ela tinha tanto medo de se enganar...

"Laissez, laissez mon coer s'enivrer d'un mensonge,
(Semper Eadem - Charles Beaudelaire)