jeudi 6 décembre 2018

Noli Subsistere

Noli putare.

Zdzisław Beksiński

O balanço era algo frágil, ela sabia,
Como grãos finos de areia brilhando sob o vento
Como gotas que estremecem ao menor movimento
Como o último vislumbre de sol engolido pela noite
Como a fração de instante entre o cristal e o chão

O teto sobre sua cabeça
As colunas sob seus dedos
Tudo ao seu redor inspirava zelo extremo -
Ela não podia correr
Ela não podia parar
Ela só podia ficar
     O ritmo,
     A respiração,
     A sede,
     O calor,
sempre constante.

Mudar não era uma alternativa
Que a única alternativa é não ser.
Ela a olhou nos olhos
Ela a encarou por um momento
Ela deu de ombros
Então,
sedenta,
ela a abraçou.

Seus pés dispararam pelo chão nublado
E o castelo todo vibrava sob seus passos
Havia fogo em suas pernas
em seu estômago
em sua garganta
em seus pulmões
E ela parou

Assim.

Simplesmente.

Naquele instante
O tempo esperou
O ar esperou
A gravidade esperou
Naquele instante apenas

No instante seguinte, o cristal tocou o chão.


Salvador Dali, Nuclear Head of an Angel

vendredi 5 octobre 2018

Queimada



Sobre a arte de enxergar.

Um dia, nos tempos idos da escola, aprendemos uma tal de "queimada rei-e-rainha". Era uma variação do tradicional jogo de Queimada, onde, em vez de eliminar todo o time adversário, bastava queimar uma única pessoa: aquela eleita - por irônico que seja! - pelo grupo para ser a realeza. Dessarte, uma coisa era indiscutível: o time todo se arriscava na linha de fogo para proteger o seu escolhido.
E, assim, no início, era o caos.
Se, em um primeiro momento, os jogos não eram que uma desordem de corpos lançando-se uns contra os outros na frente da bola, fazendo-se escudos entre o rei e o inimigo, pouco a pouco uma lógica começava a emergir. Alguns times se dispunham em círculos cujo centro era o rei. Alguns preferiam montar suas barreiras nas bordas de seu território. Outros, ainda, selecionavam a dedo os seus "sacrifícios", os atiradores, e cada outra peça daquele grande tabuleiro.
O primeiro insight, àquela época, se deu ao perceberem ser o sigilo uma defesa maior do que qualquer muralha ou exército: um monarca desconhecido, observaram, era um monarca fora da mira. E a natureza das estratégias começa a mudar. Os times se distribuíam no campo de modo a deixar o centro da defesa ambíguo, com duas ou três pessoas. Ou então dividiam por completo a atenção do inimigo, entrando em campo com dois reis e duas formações independentes. Nesse estágio de aprimoramento das estratégias, começava a ganhar peso o fator comportamento: um grito, um olhar assustado, uma boca meio aberta, sobrancelhas franzidas. Qualquer coisa que finalmente denunciasse às hostes inimigas que elas haviam chegado perigosamente perto do alvo.
E assim seguia o ciclo de insights, mise en scène, e ajustes, acompanhado de perto por análises atentas dos novos planos do adversário, e seguido, por fim, do desmantelamento de ambas as estratégias. Concomitantemente, os times mudavam. A cada troca, os soldados aprendiam a conhecer as táticas preferidas de seus potenciais futuros inimigos. A vantagem era a falha na muralha: todos eram espiões de si próprios.
Nesse baile de manobras e máscaras, uma única posição não parecia digna do rei: a de peão. Não se poderia protegê-lo disfarçadamente na linha de frente. O risco é grande demais.
Ou é mesmo?
Enquanto cerravam os olhos buscando ver através das barreiras e desvendar a lógica confusa do invisível-visível no lado oposto, pouquíssios - ou, mais comumente, nenhum - desperdiçavam suas energias nos tais peões. Incontáveis vezes, na velocidade de sucessão dos ataques e contra-ataques, enquanto o time todo voava avançando e recuando sobre seu território freneticamente, eu me lembro de ficar lá, de apenas me manter, os pés desenhando a linha fronteiriça. Não raro, senti na pele o vento quente de um lance inimigo - sem, no entanto, ser seu alvo. Nem uma vez.
Aquilo me intrigava.
E intriga.
Me intrigava que a melhor forma de me esconder era colocar-me ao alcance de seus dedos, era lançar-me discretamente à sua frente. Me intriga que dêem tanta atenção ao que lhes foge que acabem por perder de vista o óbvio.
Todos parecem ter olhos apenas para o que não vêem. Foi essa a minha gloriosa conclusão naqueles dias de uniformes sujos, cadarços enrolados e joelhos esfolados. Foi isso tudo o que consegui formular enquanto buscava palavras em que coubessem minhas inquietações. Concluí que chaves e cadeados fazem péssimos silêncios. Concluí muitas coisas.
Mas, mesmo assim, eu era só uma criança com palavras bonitas sobrando e tentando me livrar delas onde pudesse - até mesmo nos jogos da escola.
Hoje, muitos anos depois, do alto dos meus centenários milenares, eu enxergo todos os escudos forjados nas minhas palavras e concluo que havia ainda o que ser concluído. Assim, fui-me paulatinamente despindo. E, hoje, nua, de cara limpa frente à multidão, eu finalmente fiz do meu monarca invencível. À mostra, faço-me invisível. E, portanto, inqueimável.

mercredi 19 septembre 2018

Careless

That little lady has been trying to cross the street. She has a foot already on the asphalt, while people have been passing her with their lifeless deaf eyes. There is this bus sliding down, swaying from side to side, while people inside struggle for tasting some air, whereas those wheels long only for home. Then you are not seeing that flower falling over your head like rain when the wind blows, proudly telling you it is able to fly. As it reaches your feet, you simply crash it and go on however its broken petals yell 'mourn me'. Nobody is seeing him when that man stumbles by the next corner, nor the rain that is gone for dozens of days now, or the cake on fire inside the oven, or that heavy branch fallen deep in the woods, or the deer not licking the blood on its missing paw, or how high that butterfly flew before getting invisible in the clear sky. Nobody saw the old test thrown away by those teens, that bubblegum the child swallowed when it got tasteless, or the pen his mother lost in the kitchen. Nobody saw it when you finished your first book, when he dropped his cellphone under his desk, when she forgot her bus ticket, when the cat caught that rat or when that tiny bird broke its egg and feared the ground down below for the first time.
The universe is this eternal coming and going, not surprising itself with corpses or newborn cries. Who are we in it? Who are we but dreams of a shadow?
Once upon a time we were born, and nothing changes when we are finally happily-ever-after-ly dead.
As we are sure going to be.

mardi 6 mars 2018

O Homem e a Pedra

De l'encre au sang
Du papier à la peau
Maintenant comme toujours
Amen
@van.tattoo


Existe dentro de mim um homem
De rosto velho e queimado
Sísifo disse ser seu nome
Mas, se o for, ele está bem mudado

Da face toda aquela astúcia some
E dá lugar a um olhar cansado
Deuses, agora, à sua vista dormem
Capaz de nada nesse desamparo

Existe dentro de mim um homem
De rosto austero e fechado
E o pesadelo que ele vive, insone
Só de montanhas está povoado

Existe dentro de mim um Sísifo
Que não sabe mais que despencar

E cada vez que ele alcança
O topo da montanha
A Pedra diz adeus e
Sorrindo
O empurra para o abismo


"Chacun des grains de cette pierre, chaque éclat minéral de cette
montagne pleine de nuit, à lui seul forme un monde.
La lute elle-même vers les sommets suffit à remplir un coeur d'homme.
Il faut imaginer Sisyphe heureux."

CAMUS, Albert. Le Mythe de Sisyphe.

mardi 20 février 2018

Contagem Regressiva

E de tanto deixar para trás
Nada mais sobrou

Ouço passos no piso de cima. A porta do banheiro é trancada logo ao lado. Sob a porta me infiltra o quarto a luz do corredor – e as sombras dos passos a cruzá-lo. Na sala, alguém mastiga um fast food qualquer, amassando os papéis enquanto o faz, e lambuzando a tela do celular com os dedos sujos de um molho que não sei qual é. Há uma parede entre nós. Duas. E, ainda, eu posso vê-lo. Ele lambe os dedos. O celular vibra. Ele corre as mãos pela lateral das calças, a cabeça meio inclinada, e o procura por sob as almofadas amarelas. Quem sou eu na cabeça dele? Eu me pergunto... Quem é ele que não sou eu?
Outro pedaço meu se vai com o último ruído dos papéis pardos do lanche.
Agora, nada mais se move.
As frutas de plástico brilham na bandeja laranja da mesa de centro. O vermelho da textura das paredes grita um grito abafado pela penumbra, assombrado pelo vão escuro de todas as cinco saídas daquela sala – como se ela flutuasse no meio do nada e qualquer janela fosse uma passagem para uma queda infinita.
Posso pular? Pergunto, tomando o cuidado de não deixar que me ouça. Aperto os lábios e mordo as bochechas. Na poltrona, o estofo estampado – com ares de pop art – destoa do estilo classic da sala. De frente para ele, ali, de pé, no escuro, posso sentir cada engrenagem se preparando para um novo parto. Sai o eu que lambuza os dedos, nasce um eu em uma dimensão qualquer, de batom escarlate, que escuta Your Heart is as Black as Night com a cabeça jogada para trás. É tarde da noite, e ele se levanta, fechando a porta atrás de si. Engolido pelo vácuo, ele vai fumar sozinho pelas ruas, ou no canto de um bar barato. No sofá, atrás de mim, vejo esse outro que se levanta e sobe as escadas de ferro que o nada esconde. Sem chinelos, de camisola, ele agora sente frio na varanda enquanto escreve poesias com a caneta que acaba de puxar do cabelo.
O relógio faz o som estridente de quem cruza de novo o doze. Cada um desses vácuos já me engoliu uma vez. Ou diversas. Não sei dizer. Enquanto não descubro, continuo aqui. De pé. Sozinha. Encurralada entre vácuos. E aguardo.

Aguardo, um dia, a coragem de saltar.


"alguma vez                                 .
alguma vez talvez
eu irei sem ficar-me                    .
eu irei como quem se vai."
(Alejandra Pizarnik)

samedi 20 janvier 2018

Vermelho


GAIMAN, Neil. Sandman 43, Brief Lives III, p.26

- 'When I dream, sometimes I remember how to fly', said Chloe.
- 'When I dream, sometimes I remember how to die.', I answered.


****



Os quatro entraram pela lateral da sinagoga, recebendo no rosto uma lufada de ar quente. Ela, a ruiva de coque e com a manta de lã no sobre a blusa bordô, entrou primeiro e sentou-se em um dos bancos vazios de madeira, dobrando seu casaco preto sobre o colo. O rapaz de longos cabelos castanhos e jaqueta de couro sentou-se ao seu lado. Os outros dois ainda estavam de pé no corredor, e os quatro cochichavam sob o olhar de esguelha da velha trajada de preto e de cabelo despenteado que rezava debruçada sobre o encosto do banco.
- O que a gente faz agora? - disse o rapaz.
- Shh! Fala baixo, João! - cutucou-o a moça ruiva.
- Agora vocês oram. - rosnou a voz aguda da velha.
A garota de cabelos castanhos e de lenço xadrez cobria a boca com as mãos, sem fôlego e tentando não rir, enquanto o rapaz no banco olhava ao redor e continuava falando:
- Mas eu estou dizendo! Escuta só, parece um bando de cachorros gemendo.
Fez-se silêncio.
A moça ruiva corou.
- Eu não acredito. Vá lá pra fora. A-g-o-r-a! Você perdeu a noção?!
De um instante para o outro, todos no lugar olhavam-no, frios e inexpressivos.
- SAIA DAQUI! SAIA DAQUI! - Berrava a velha.
Os três saíram pela porta dos fundos, mas a ruiva continuava sentada, olhando para baixo. Demorou-se ali ainda um pouco, observando. Quando saiu, tomou a mesma direção que eles, rumando para os fundos, mas, vendo-os reunidos de pé na escadaria, apenas contornou-os de longe e esgueirou-se pelo portão, sozinha. Percebeu ter deixado o casaco para trás, mas preferiu não entrar ali mais uma vez. Puxou as mangas vermelho escuras da blusa para cobrir as mãos, já empalidecendo pelo frio, e saiu andando contra o vento. Não fora um bom primeiro dia de passeio, fora? Não, nem um pouco.
Na calçada oposta, um casal desce a rua, todo de branco, com calças e blusas largas e golas extravagantes. Havia listras de um amarelo berrante nas calças de um deles, e o outro trazia luvas vermelhas de bolinhas e o rosto pintado. Bem à frente, no topo da rua, um outro grupo: três pessoas também vestidas de branco e roupas largas com frisos e marcas em cores extravagantes.
Jovens. Pensou enquanto seguia.
Ela já terminava de subir a rua, mas meneou a cabeça com um sorriso impotente e deu meia volta.
- Jovens. - Repetiu. Dessa vez em voz alta.

Entra no pátio da sinagoga pelo portão lateral e dirige-se às escadas do fundo, tendo tempo apenas para perceber a confusão de braços e murmúrios e vultos apressados. De algum modo de que não se dera conta, uma corrente branca e cheia de cores se fechava em torno do lugar. Seus amigos estão para fora. Ela está para dentro.

Pelo corredor ainda não fechado entre aquela corrente humana cujos rostos não pode ver e as paredes, ela corre, e dá a volta até encontrar aberta uma pequena porta cinza e descascada. Antes de se virar para lá, ela olha para trás, e por uma longa fração de instante ela percebe os olhos sob uma das máscaras, uma lisa e brilhante – olhos frios, enquanto os dela já ardem, avermelhados, sem perceber que choram. Ela sabe que ele sorriem. E corre.
É um quartinho estreito e escuro o cômodo em que ela se fecha. Tateando sobre panos empoeirados, não demora a tocar a parede oposta, com um riso nervoso de alívio.
Ela espera.
Os sons de passos pesados já se dissiparam.
E ela espera.
Há pequenos rasgos na sua calça, na altura da coxa, e ela se pergunta como pode ter sido atingida ali.
E espera.
Brinca com os dedos nos rasgos da calça enquanto tenta, cismada, refazer seus movimentos até ali.
E espera.
Ela sabe que está encurralada.
E espera.
Nos seus ouvidos, seu coração soa quais tambores de guerra.
E espera.
Então um feixe da fraca luz da noite a encontra.
E ela não espera mais.

Pela fresta de uma entrada de cartas, um par de olhos a encara. Sorrindo.
- Abre aí, pra gente, meu amor.
Ela não se move, e apenas observa enquanto a fresta volta a se fechar e os barulhos de golpes começam. Nesse momento a luz repentina a cega.
Ela não se lembrará de nada depois disso.

****

- As unhas... as unhas, as unhas, é para ninguém saber. – Ela olhou para cima, tendo puxando distraidamente um pedaço de unha pendurado no dedo do pé.– Sshhhh!
Ela está sentada no chão, fechada, de um lado, por uma parede cor de abóbora, e do outro, por um par de colchões colocados de pé, por sobre os quais se debruça um rapaz comprido de rosto magro.
Ele roça o dedo de leve pelo ombro dela, onde há um rasgo profundo, enquanto ela continua respondendo a um questionário que ninguém mais lhe faz.
- Não! Não mexa nele. – E sussurra, olhando as manchas vermelhas no colchão sujo e acariciando o ombro, espalhando mais sangue pelo braço. – Eu preciso dele para saber o caminho de casa. Da minha casa. Pra saber. E... Sim, sim, sim. A-ha. A-ha. Sim. - ela repete, meio aérea, e sorrindo, soltando pequenas gargalhadas que são como soluços. E então seu rosto fica sério. - Sim. Os pregos, os pregos são pra eu não me casar. – Ela olhou para cima de novo, e o sorriso dela, naqueles lábios pintados de vermelho, era lindo.
Ela gira as mãos em frente aos olhos enquanto fala. Ao longo de cada dedo há dois pregos, cruzados sob a pele em direções opostas, e ela roça por eles as pontas dos dedos com certo carinho. Nesse momento, ele corre os dedos pelas ondas vermelhas do cabelo dela, e passa as mãos de leve em sua cabeça.
- Muito bem. É isso mesma, querida. Você é incrível. - ela sorri, olhando para ele, com orgulho. - Mas agora estamos quase acabando, não é? Eu preciso ir embora.
Eles se encaram em silêncio por um instante, e então, sem tirar os olhos dos olhos dele, ela morde o canto dos lábios, tímida.
- Mas... eu queria mais um corte. Só mais um. Você podia fazer... Só mais um. Um cortinho. Não vai doer.
- Não, meu bem. Minha parte acabou. Mas eu vou te deixar um presente.
- Você vai me dar uma das suas tesouras? Eu gostaria de tesouras… tesourinhas, pra eu brincar - ela sussurra, baixando os olhos.
- Isso, meu amor. Eu vou sair por aquela porta, agora, e você vai ficar aqui, brincando quietinha, não é?
- Sim, eu quero brincar. Brincar. Só uma tesourinha. Uma só. – Sem conseguir dobrar os dedos, ela aproxima uma mão da outra.
Ele a observa pelo instante de silêncio que passa por eles.
- Eu vou te dar um bisturi, querida.
Seu rosto distraído pelos pregos, com mechas de cabelo confusas sobre os olhos, se abre em um sorriso de inocente deslumbre, radiante que era como o sol nascente, naquela hora em que o céu é um mar fervente de lava e nuvens. – Um bisturi?! - E fica a fitá-lo sem perder o ar sonhador dos olhos ou o sorriso inocente da boca.
Quase sem se mover, ainda debruçado sobre os colchões encardidos, ele puxa do bolso de trás das calças uma lâmina curta, de cabo meio curvado, todo de metal. - Pegue aqui, meu bem. - Ela procura ajeitar as mãos ao redor do cabo e puxa-o para si. Seus olhos brilham.
- Eu vou ficar brincando, agora. Eu adoro bisturis. Sim. Você disse que eu adoro, não é? Porque é, mesmo, eu adoro. Olha… um bisturi… Eu vou…
À porta, o homem volta a vestir sua máscara, coloca de novo a calça branca por cima do jeans e lança um último olhar para trás. Vê ali um quadro paradisíaco, pintado todo em neve e sangue, e um rosto lindo e sereno emoldurado por ondas de sangue e cabelo. Seus olhos marejaram.
Prestes a fechar a porta, ele também sorri.
- Que coisa linda, meu amor. Que coisa mais linda.
E segue descendo o morro lentamente, até ser engolido pela escuridão.

****

Com um pequeno tremor de emoção, ela havia corrido a lâmina com firmeza lucida pelo pescoço, abrindo ali um outro par de lábios, escarlates, que derramam beijos de sangue pelo seu pescoço e até o seu decote.
No rosto, ele vira não um sorriso de delírio ou de inocência, mas a beleza perturbadora de um sorriso da mais genuína felicidade.

****

"Deep in the cell of my heart I will feel so glad to go..."
(The Smiths, Asleep)