vendredi 25 novembre 2011

Uma Cena

(A CASA, p.II)
Coisa nenhuma. Tristeza apenas.
Ela está com as costas na parede. Seus vestido branco brilhando timidamente, mostrando-se inseguro no escuro de dentro. Estava ao lado da janela, mas a noite não iluminava o interior d'a Casa. Com a franja caída nos olhos, os lábios salgados e a cabeça baixa, ela colava-se à parede em angústia, raiva e medo. E a lua fazia brilhar riscos úmidos em sua face pálida.

mardi 15 novembre 2011

Rosa


Há dois modos de matar: abandonando ou levando em frente. Ao fim das contas, tanto faz: as coisas fenecem de qualquer forma.
Por vezes, flores nascem. Um botão cor de pérola. E os olhos se tentam a pegá-lo e apertá-lo contra o peito. Observá-lo até que os preencham, para, então, guardá-lo, numa caixa, a sete chaves. Sete vezes sete. Vezes sete outra vez. Na certeza de tê-lo para sempre, mantido sempre perto, ao alcance a todo momento.
No entanto, uma vez tirada do pé, a planta é perdida. Descolore e murcha. E assim vai, despetalando-se. Não vão querer suportar o peso disso. Roubar a algo tão delicado a vitalidade... Acaba-se, pois, deixando-a ali. Afinal, se não se a toca, ninguém leva a culpa.
Sim, morre também na terra, mas dura, e exibe sua beleza por mais tempo... É essa a lógica. As mãos que se estendem são logo recolhidas, antes de sentirem o perigoso toque aveludado das pétalas. Já sabem: tocando-a não resistem, arrancam-na. E, não, não se pode ferir tamanha beleza.
Morrendo a flor de toda maneira, melhor mesmo fazer nada.
Deixar como está.
Esperar para ver.
Ela murcha, não importa
Se colhê-la para guardar, morre-lhe nas mãos.
Se deixá-la como está, morre então no pé.
Fique então.
A colheita traz a morte para esperar-lhe sobre a mesa, envolta em vaso cristal. Na abstenção, no entanto, a morte... ah. O jardineiro vai embora, seguindo pela estrada para - dentro de sua mente - vê-la para sempre. Não saberá se murchar. No entanto, se limitará, se condenará a jamais retornar. Ou pagaria o preço com sua ilusão.
Matando-a, lágrimas de culpa.
Deixando-a, lágrimas de saudade.
Mas sua vida eterna, você sabe... É mentira.