lundi 26 avril 2010

Broken Fairy Tales


...e sempre ouço-os dizendo que nunca faço mal a ninguém, que sou boazinha demais...
     Será que não percebem ser este o meu erro? O meu MAIOR erro?
    O que por vezes me vem em pensamentos é que esqueci de crescer. Tento ser de uma falsa inocência que sei ser impossível, que sei que não dá! Esqueci de sair dos meus contos de fadas. Fechei-me num mundo só meu. Um mundo de mentiras e ilusões. Um mundo que nunca vai existir. Um mundo de vilões e mocinhos. De bruxas e fadas. De dragões e cavaleiros. Um mundo onde o Bem e o Mal podem ser separados como a clara da gema, como a noite do dia. Um mundo onde as pessoas são simplesmente boas ou más.
    Só me esqueci de que bom não é sinonimo de perfeito. E que o mau não é de todo "prejudicial". Não aprendi a aceitar que há altos e baixos, que há "compensações" para tudo o que é demais. Não aprendi que a noite foi separada do dia, mas que inventaram a madrugada e o entardecer. E é isso me destrói por dentro, dia a dia. Costumo tentar ser a "boazinha", a "perfeitinha", a "heroína". E.. argh! Não.. não serei. NUNCA! E me dói ver que os que tanto amo podem ter mais de vilões do que eu a princípio imaginava; e que os mocinhos não são sempre bons. Esqueci que também os maus podem ter coração... E eu: tenho nada...
      E há momentos em que meu mundo estremece, eu descubro que não posso consertá-lo com as minhas próprias mãos, que não sou tão forte assim. A verdade é que sou fraca, muito fraca. Esse tremor faz a realidade pesar. Ela empurra o teto, que vem abaixo, em pedaços. Só que eles me machucam, me cortam, me fazem sangrar, me fazem chorar, me fazem gritar... Só que nesse mundo não há ninguém. Nunca houve. Apenas mais vultos e ilusões, que acreditei serem reais. Alguns vinham de passagem, mas ninguém quis ficar. Ao longe, o que fazem é rir; rir de mim, da minha ilusão, desses meus sonhos infantis, dessa minha esperança tola. "Pobre coitada", devem dizer, "Não lhe disseram que a Cinderela não existe e que a vovózinha morreu; e que essa mentira dentro da qual vive não pode ser colada, caco a caco, com cola quente ou Super Bonder. Ela se recusa a ver a verdade, maior e maior, a invadir-lhe os pensamentos; se recusa a acreditar que esse terror é a realidade que ela não suporta ver..."
       Ela se machuca, ela sangra, ela chora, ela grita.. Mas nesse mundo não há ninguém. Nunca houve.