vendredi 19 décembre 2014

La Belle et la Bête


"— E você gosta daqui?
Ela olhou para ele e balançou a cabeça
Eu me sinto uma hulder.
Ele já ouvira aquela palavra na Noruega.
— Elas não são uma espécie de troll?
— Não. São seres das montanhas, como os trolls, mas vêm da floresta, e são muito bonitas. Como eu. — Ela sorriu ao dizê-lo, como se soubesse que era pálida, tristonha magra demais para ser bonita. — Elas se apaixonam fazendeiros.
— Por quê?
— Sei lá. Mas se apaixonam. Às vezes o fazendeiro percebe que está falando com uma mulher hulder, porque ela tem um rabo de vaca nas costas, ou, pior ainda, às vezes não tem nada atrás, é oca, vazia, como uma concha. O fazendeiro faz uma prece ou sai correndo, volta pra sua mãe ou pra sua fazenda. Mas às vezes o fazendeiro não foge. Às vezes ele joga um punhal por cima do ombro dela, ou simplesmente sorri, e se casa com a mulher hulder. Aí o rabo dela cai. Mesmo assim, ela é mais forte que qualquer mulher humana. E sente falta de seu lar nas florestas e nas montanhas. Nunca será feliz de verdade. Nunca será humana.
— E depois, o que acontece com ela? — perguntou Shadow. — Ela envelhece e morre com seu fazendeiro?
Ela fatiara a maçã até o caroço. Então, com um movimento do pulso, atirou o caroço num arco, de cima da encosta."





GAIMAN, Neil. Coisas Frágeis.

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