dimanche 1 mars 2015

Willkommen




 EMERGE - Marjolein Caljouw. 2014.


As portas há tanto tempo
mantidas trancadas
finalmente correm
Que não se diga no antigo aposento
estarem completadas
as folhas em branco
Talvez seja o peso do relento
as paredes tomadas
dos medos que cospem
A fazer dele um porto cinzento
A que almas fatigadas
Vão aos solavancos.

A casa vem com
Sete estrelas
Juras de amizade
Fogo na lareira
E abrem-se as portas com
Muitas janelas
Vozes de saudade –
Cena agoureira
Mas vêm os instantes com
Um toque singelo
Um sopro, uma inverdade
E a pergunta primeira
Revelando as cáries de
Um muro podre
Um coração incerto
Uma adaga certeira

As decisões ludibriam
E faz opaco o medo
As bestas que resguardam
E as certezas desviam
Pintam de segredo
Os que as amedrontaram
Vem, porém, cedo ou tarde
Rastros fundos e negros
Punhais que esburacam
A nova dura capa
Fachada de enredos
Que não se encontraram

Vão será todo em branco
Quando não houver palavras

Que não se diga que
Uma folha
Jamais foi prova de livro
Que não se creia que
uma pétala
jamais foi foto do arvoredo
Que não se veja em
Um telhado
A certeza de um abrigo
Que não se engane com
abraços
Que não fazem, sós, um amigo

As portas há tanto tempo
Mantidas abertas
Finalmente morrem
Que não se diga no novo aposento
Estarem recobertas
As almas sem manto
Talvez seja o peso desse tempo
As linhas incertas
Que os pés interrompem
A fazer o perdido alento
E a vista cansada
Esgotarem o pranto

Que não se diga que há
Felicidade
Que não se espere mais
sentir saudade
Que não se creia nunca
Na bondade
Que não se aposte
Em possibilidades
Que não há nada
Senão malas rotas
Para desfazer
E algumas páginas
A perecer.

Aucun commentaire:

Enregistrer un commentaire