dimanche 24 août 2014

Aqui, no fim de todas as coisas...

Methuselah Star [oldest star, 14,5 billion years]
Saberemos nós morrer? E dar as costas sem fechar s olhos, e olhar adiante sem tremer com o esforço de não voltar a cabeça em busca de um outro aceno. Saberemos desistir quando não houver mais acenos para dar ou receber? E dar as costas sem atormentar-se por não ter ficado mais, sem envenenar-se de ses. Saberemos soltar as mãos? E desatar os abraços quando o frio não ceder e romper os laços rotos e sem cor? Saberemos equilibrar e tirar as mãos do que engatinha para caminhar sem nós? E jogar em pontes sobre precipícios todos os pequenos amores que pedem ar. Saberemos acordar do macio do colchão? E recusar a proteção e o calor e o sangue quente do ventre como se inúteis. Saberemos calar a ilusão e estourar o balão dos sonhos? E escolher a queda, a quebra e as muletas.
Conscientes de nossas asas ausentes, saberemos pular? E reconhecer quando as nuvens não bastarem para os nossos sonhos e nem os mares para nosso amor? E romper o metal quando a seda tensionar. E nos despedir das projeções quando o absoluto ainda doer? E não ter orgulho e entender que também passamos e que seremos outros para todos.
E quando não doer... saberemos não recordar, não chorar, não amputar? E aceitar a substitutividade. E nos quebrar quando formos demais. E tirar nosso próprio peso. E seguiremos nossos pés quando não houver para onde voltar? E quando a redenção se reduzir a páginas de memória, e a luta se reduzir à circularidade, e a felicidade à convenção, e a gratidão à tradição. E quando seu deus for uma tela pop, e sua guerra for um anúncio, e todo o sentimento acabar como enredo de cinema, saberemos não voltar? Saberemos calar o fim do pulso, o ausente ausente, o infinito findado? Saberemos ver que se esticar mais rompe, que se gritar mais emudece, que se apertar mais estoura, que se calar mais asfixia?
Quando tudo acabar, saberemos partir? Quando chegar a hora, saberemos não dormir por "mais cinco minutinhos"? E se, pelo contrário, tudo viver e nos chamar o nome, saberemos dizer não? E não matar o feto no ventre. E quando a primeira pá soar um baque na madeira, saberemos nós morrer?
Saberemos finalmente descansar em paz? Aqui, no fim de todas as coisas.

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