As mãos falharam em girar as cartas, em dobrar os lenços, em brotar as flores.
E sucedeu-se, então, o desenrolar de um universo que é como o quintal da avó, em um tempo que é sempre fim de tarde, em que a chuva é sempre quente e os amores são sempre adolescentes. Na etiqueta avisam "frágil ao lavar, 100% sensibilidade", e todas as histórias, e todos os passos, e todas as palavras, se resumem em uma: amor. Os vidros dessa janela se chamam coração, e é tudo o que sai dessas novas mãos, antigamente desajeitadas, e dessa boca, e dessa cabeça. E todo homem é pleno, é fogo, é ferida e orgulho, é força e medo, é tristeza e desejo. Aqui não há moralismos, convenções, nem espaço para o julgamento. Aqui há humanos, fracos na sua incerteza, falhos em seus medos, firmes em seu amor. Aqui é tudo amor: das guerras aos filhos às paredes descascadas ao galos de briga às liteiras à peste ao dinheiro à miséria ao jornal à cartas a cada suspiro dos reis aos escravos.
Salve.
De um em um, os Humanos se vão extinguindo.
Dali envia as Formigas.
E, enquanto isso, nesse universo todos sonhamos Remédios, e aguardamos serena e intensamente, tanto aos 90 como quando aos 20
, o tempo de voar desta terra dura, para um navio interplanetário de onde possamos ver o pôr-do-sol e ter a certeza de que não foi vão.
[Memórias de Minhas Putas Tristes, G.G.Marquez] |
[Gabo]
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