dimanche 30 septembre 2012

Iconoclasta

Vá em frente. Então? Explique o que é isso que só eu não vejo. Onde está esse você que só eu não percebo? Vamos, mostrem-me! Olhe nos meus olh.. ora! não se faça de indiferente! Dispa logo essa apatia, que eu não suporto. Eu só quero saber, quem é você de verdade?
Difícil? É difícil responder? Pois eu juro, eu juro que me esforço, mas não vejo nada - absolutamente NADA nesses dentes à mostra e nessa voz calma. Francamente...! Eu duvido, eu aposto com todos esses que existe toda essa importância. Você é igual, é óbvio e... NÃO! Pare de me olhar assim, encare-me de frente, por que é que só eles te conhecem? Não seja covarde. Não demonstre fraqueza. RESPONDA! MOSTRE-SE! Quem é você de verdade?
Ah, eu não acredito, não acredito em uma mínima vírgula. São todos cegos. Eu sinto o que é, é uma farsa.
Vamos.. Diga algo. Defenda-se! Não vai me apresentar a sua perfeição? Quem é você de verdade?

Q-u-e-m-é-v-o-c-ê-d-e-v-e-r-d-a-d-e?

samedi 22 septembre 2012

Outono

Símbolo
de perfeição
impossível
na terra
Alheia
à podridão
que o solo
encerra

Jamais curvada
Jamais vencida

Jamais tocada
Jamais flor...

Invicta
Inviolada

Morreu semente.


dimanche 2 septembre 2012

O Absurdo

           É que então vem  o cansaço. Um tédio de morte em um ar abafado.
         É que então um peso enorme me acomete, como se sustentasse o mundo inteiro. Como se todas as eras tivessem passado por sobre mim. Como se todos os sorrisos sorridos fossem fendas de minha própria boca. Como se todas as lágrimas derramadas fossem o meu próprio pesar - arrancado e liquefeito. Como se tivesse eu morrido todas as mortes. Como se tivesse eu vivido todos os longos anos que seguem cada nascer. É que de repente o mundo me puxa para baixo - uma gravidade insana a levar cada instante. E é como se todas as experiências tivessem me ocorrido sobre o corpo fraco - desgastando-me a mente. E fui eu a lutar cada guerra, a sustentar cada coroa, a ser dilacerada por toda espada e atravessada por cada flecha.
           E foi sobre mim que caiu a neve. E foi de mim que rolou cada gota de chuva, que suou todo o orvalho na aurora. Foi dos restos de minha ruína que caíram as pedras. Meus ossos ergueram montanhas e meu suspiro as derrubou. E cada gota do meu sangue se esvaiu em dilúvios pelo universo. E cada estrela partiu de mim.
         E então me vejo: débil. Nesse constantemente nascer, me perder, e partir. E o mundo se me pesa. Como se eu o sustentasse. Inteiro.
           É que eu nasci todas as vidas.
           É que, a cada dia, eu morri todas as mortes.

           É que então eu sou um fragmento da Ilha. É que eu me sinto o Continente inteiro. Fragmentado.

           E eu me sinto tão fraca. Tão... velha.

           E os sinos... Os sinos estão tocando.