mardi 29 mai 2012

O Gráfico da Felicidade*

- (...) e então há esse gráfico da felicidade que criei - começou ele, desenhando os eixos coordenados e traçando uma linha paralela à Ox com y positivo - Essa é a tristeza. O estado natural do homem é esse, o homem nasce triste. A tristeza é uma constante, e o resto são variáveis. Se considerarmos agora... - e traça uma nova linha, dessa vez ondulada, ao longo do gráfico, cortando a primeira em vários pontos. - ... tem esse novo fator. Essa é a felicidade. Como todos nascem como uma "folha em branco", ou seja, tristes, essa linha começa no zero, e de acordo com acontecimentos externos, ela ir;a subir e descer. São precisos momentos bons para se estar feliz e fazer o gráfico subir. No entanto, a simples ausência deles o traz de volta ao estado de tristeza. Ou seja, você não precisa de momentos tristes para estar triste, mas, a partir do momento em que a linha da felicidade estiver abaixo da linha constante da tristeza, você sente a queda porque pôde estabelecer uma base de comparação com o pico em que estava. Sim, se você se entristece é porque o padrão muda e, em um pico, você cria uma expectativa que será frustrada no próximo vale, dando origem à sensação de que sua tristeza aumentou quando, apenas, ela reapareceu, tornando-se novamente visível na baixa da alegria. Acima da constante: feliz. Abaixo: triste. - ...

- É... mas... e essa parte aí no meio, onde elas se cruzam?

- Ah, então, esse ponto de encontro é neutro, você fica indiferente a tudo. Só isso.

- ... errado! Esse ponto é onde tudo se cancela, onde não restou nada - nem indiferença. As coisas continuam acontecendo sem atingir um ápice ou deixar o gráfico cair. Esse ponto é onde ninguém suporta, é onde se enlouquece. É a ausência, o vazio completo. É aí onde você perde toda a capacidade de sentir, tem a impressão de que seu coração parou e já não te acompanha o corpo ou a alma - de repente parou e só, como se fosse simples assim, ou se dissolveu entre seus músculos e as costelas. Desapareceu. Esse não é o ponto em que você simplesmente não liga para nada; aqui, você está oco, evacuado, esgotado. E se você iria dizer "algo como um buraco negro no peito", nem precisa abrir a boca. Buracos negros têm matéria, mas, nesse ponto, você não tem nada.

Oh, sim, é claro. Isso foi o que ela calou.
Na realidade, ela abaixou a cabeça e voltou a ler.




*A idéia do gráfico é, na realidade, roubada de um professor de matemática.

dimanche 13 mai 2012

Pride


E traz atitudes medíocres de forma inacreditavelmente eficiente.
O homem sem máscara, a cara despida em sangue e carniça. A podridão exposta.
Será que não têm vergonha do enojamento e da náusea que causam os vermes que derramam aos baldes pelas bocas?

Quem sabe.
Mas o Orgulho é um bolo grande demais para passar por suas gargantas estreitadas pelo inflar da vaidade.